Há sempre uma curva de que se gosta mais nos trajectos usuais do dia-a-dia, uma curva especial, que se respeita, teme e desafia, uma curva capaz de converter todo o restante percurso numa preparação ou aquecimento, para chegar ali e "descrever uma curva perfeita" envergonhando (ou não, porque nem toda a gente é meio petrolhead) quem nos estava a querer pisar os calcanhares, antes de começarmos a fazer o que "viemos" ali fazer.
Durante algum tempo a tal curva diária esteve situada numa das saídas do eixo norte-sul, mais tarde passou a ser uma em Monsanto e actualmente é uma das saídas da A5. Esta é uma curva longa, de duas faixas que se fundem numa só, tem a inclinação certa e uma irregularidade no alcatrão que coincide com a posição onde deve(ria) passar a roda esquerda assim que se começa a descrever a curva, e lá se vai a trajectória ideal... a óbvia.
Estas curvas, têm sempre as mesmas duas características. São sempre locais de acidentes (os rails estão sempre torcidos dos impactos e há sempre cacos de plástico nas bermas) e são óptimas para avaliar as capacidades dinâmicas dos veículos, quer do que se conduz, quer dos que (não raras vezes) circulam à nossa frente.
Que a capacidade dinâmica do meu veículo de dia-a-dia não é a sua melhor característica, é um dado adquirido, ninguém no seu perfeito juízo compra algo deste género pela sua condução apaixonante. Mas, e nos casos em que a aquisição é um topo de gama de tracção traseira? Espera-se uma dinâmica à altura do valor da aquisição, algo capaz de deixar para trás (a anos-luz) qualquer produto de classe inferior... excepto se... a electrónica for abelhuda. Deparei-me com este cenário, "
coupe" de quatro portas de raça alemã embalado a ritmos de auto-estrada, faz uma travagem perfeita na faixa da esquerda, entra na faixa da direita e começa a descrever a curva à minha frente... e
a electrónica acordou!... a ali ficou ele, à minha frente e de traseira a subir e a descer, ao sabor das intervenções da electrónica, até ao fim da curva e... nunca mais o vi (quer dizer, vi, mas cada vez mais pequeno)... veio-me à memória o
episódio do octavia... jogar na
playstation é bom, mas ao vivo, apesar de mais arriscado,
é sempre melhor.