Ainda sobre a notícia publicada pelo Jornal de Notícias sobre a "duplicação das mortes em acidentes de mota" (entretanto foi publicada pela ANSR a estatística até ao mês de Setembro).
Qualquer morte é sempre de lamentar, seja em motociclos, bicicletas, automóveis, aviões ou por queda na banheira, mas quando se compara um ano que, de facto, não está a ser muito favorável, com o melhor ano da última década (relatório de Janeiro a Julho, referido na notícia, aqui) sem olhar para os períodos análogos dos anos anteriores, torna-se, no mínimo, tendenciosa a notícia, se a isso somarmos (já que no JN não sabem fazer contas) o facto de que, o dobro de de 43 é 86 e não 76 (o acréscimo é de quase 77%) eu diria que a jornalista Rosa Ramos, que escreveu esta peça, acabou de matar quase 10 motociclistas... só para escrever o título! Curioso, também, é não ter reparado que os acidentes com vítimas mortais em pesados teve um acréscimo de 150% (subiram as vítimas de 2 para 5), o que poderia, para uma mente jornalística, querer dizer que, sendo os pesados veículos de trabalho maioritariamente, os camionistas são um classe em risco (por falta de manutenção, por excesso de trabalho, por envelhecimento do parque de camiões... ).
Usando os dados mais recentes (os que vão até Setembro), o ano continua a ser mau (mortes são mortes, não há nada de bom neste campo), mas a estatística está menos "negra". As vítimas mortais por acidente em veículos de duas rodas a motor têm um acréscimo de 65%, comparando com o período equivalente de 2016, já os pesados "afinal" "só" aumentaram 20%. Mas como disse, o ano não está a ser bom, os números de vítimas mortais subiram em todas formas de deslocação (peões incluídos)... a meu ver, fruto da "crise ter acabado", mais veículos levam a mais acidentes e o civismo é coisa que não abunda nas estradas, em particular em meios urbanos (os acidentes com vítimas dentro de localidades aumentaram, enquanto que, os acidentes fora das localidades desceram).