terça-feira, novembro 14, 2006

barreiras

Sentado numa esplanada fictícia a desfolhar uma revista sobre um tema a gosto... era observado. Observado daquela forma como se observa um estranho numa terra estranha. Nunca antes havia sido visto aqui, não que fosse diferente de alguma forma. Não, nada disso! Apenas não era dali.
Não se enquadrava, reparava nos pormenores como se fosse a primeira vez que ali estava, devia ser de fora... e ali estava, a desfolhar uma revista que ninguém compraria, alheado da atenção que despertava... mexeu-se!
Tentou alcançar algo no bolso, estava a receber uma chamada. Atendeu. Falava com cuidado, tentava não falar alto, mas nota-se algo na sua forma de falar (se eu o conhecesse diria que havia ali algo mais)... quem lhe ligou era relevante.
Ouvi-o dizer - Consegues ver-me? - e levantou-se de seguida... encaminhou-se para o varandim que delimitava a esplanada, e falou de novo - Agora me vês? - enquanto acenava. Olhando para onde acenava, era visível uma pessoa a acenar de volta... a distância que os separava poderia ser percorrida em menos de um minuto a passo calmo... e em muito menos tempo se não estivesse interessado em manter a pose e corresse, no entanto... havia entre eles um vidro, espesso, quase como que uma parede que os separava... uma barreira intransponível para o tempo que dispunham... ali estavam ambos, à distância do olhar, mas incapazes de se tocarem.

Estavam tão perto... e ainda assim, tão longe.


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2 comentários:

Anónimo disse...

Que lindo!...
Ver tudo recordado ao promenor :-)
Exatamente como me contaste num almoço de domingo...
A mesma simplicidade!
Tá tudo aqui (...)
E olha; que eu tenho boa memória

Agreste disse...

amestardão?

olha olha até pôs as letras a condizer com os olhos tsstsstss passamos a ter o impressionante-blog-verde-virtual-de-vidro??