Da ninhada de três que ali nasceu, duas acabaram por ficar a guardar a casa, a Striper e a Manchinha.
Se a Striper só se deixava tocar quando lhe apetecia e gostava de entrar dentro dos carros de gente conhecida, a Manchinha não achava grande piada a espaços fechados e adorava que a afagassem... era tão dada ao contacto físico com os humanos (de estimação) residentes, que chegava a saltar para o colo de alguns quando eles não esperavam para receber festas.
Sabia os horários de cor, pois era nessas alturas que tinha a certeza que lhe davam de comer, reconhecia o assobio de quem a tratava e passava horas a fazer testes de ressonância às mesas e bancos de madeira...
Perdi a conta às vezes que a encontrei longe de "casa" camuflada na erva seca ou sentada em cima de cepos a apanhar sol... perdi também a conta às vezes que lhe limpei os olhos, às vezes que a chamei à hora do jantar e que a catei das carraças que não conseguia tirar depois de ter perdido a irmã... perdi a conta, tal como outros perderam a conta às vezes que lhe fizeram estas e tantas outras coisas como abrigarem-na do frio e da chuva.
Quis o universo que, hoje, passados alguns anos, tivesse o mesmo destino da sua irmã Striper, a Manchinha foi colhida por um automóvel e assim ficámos nós, os seus humanos de estimação, mais pobres de companhia, de amizade, de carinho e de atenção...
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