terça-feira, março 04, 2008

velhos do restelo ii

Depois de observar em volta, veio o tempo de espera até ao aparecimento do número 180 no rodapé do plasma que mostrava o "Portugal no coração" (o programa adequado para 98% da quadrilha do reumático presente na sala... os 2% restantes são respeitantes à minha pessoa, e estava lá apenas como "motorista"), passei os olhos por dois desses diários de distribuição gratuita, e entre um artigo fui ouvindo (era impossível não ouvir porque parecia que me berravam aos ouvidos!) as "queixas sobre"...
- Nem têm aqui onde beber água!
- A televisão apanha mal!
- Já viste os computadores no chão? Se vem uma cheia...
- Tanto tempo para atender!
- Andam para ali aquelas amélias de um lado para o outro só à conversa com as outras!
- Já estou aqui há que tempos!

E agora respondo eu...
- Já agora queria que a água viesse ter consigo aí onde está sentada, não?
- A "menina" quer tv por cabo? Veja em casa!
- No topo de uma colina? Para a "cheia" chegar aqui, Lisboa inteira ficava debaixo de água!
- Não me diga que está atrasada para o emprego?! (a julgar pela idade avançada, já estaria aposentada há bastante tempo...)
- Já reparou por acaso que são os/as técnicos/as de informática?!
- Só por acaso, você chegou depois de mim!

Isto acumulado em cerca de meia hora de sala de espera... prefiro pensar que tive azar nas pessoas que se sentaram mais perto de mim... vou pensar assim, pois seria demasiado mau que o "mundo" fosse assim. Um "mundo" onde pessoas que vivem nas piores condições, onde pessoas que mais se "aproveitaram", são agora as que mais criticam apontando o dedo a mudanças e/ou falhas aceitáveis de um processo de logística que nada teve de simples!

2 comentários:

Mónica disse...

tens a certeza que ninguém disse que "a culpa é do governo"?

Ana Cleto disse...

Pois é, a espécie humana é mesmo assim, chega a uma determinada idade e é quase inevitável esse tipo de criticas e "mentes brilhantes".

A Paciência é uma dádiva, tenham-na ela todos os que trabalham com a saude publica.

Como seremos nós daqui a 50 anos? Certamente tão ou mais "rabujentos" e "desadaptados" a tais novas tecnologias que até lá surgirão.